domingo, 18 de agosto de 2013

Pode confiar sim...

Laura tem uma personalidade sociável.
Adora pessoas, animais, árvores, natureza, tudo. Sorri para tudo, brinca com tudo e eu não só me orgulho disso como também estimulo:
 Passo por um estranho e jogo um bom dia sorridente: ultimamente ela também me acompanha, nem sempre recebemos um comprimento de retribuição, mesmo assim enfatizo a ela o quão importante é cumprimentar os outros, mesmo que eles não nos respondem.
  Cumprimentamos as árvores - fazemos carinho em todos os animais que aparecem e faço questão que ela passe colo a colo dos porteiros e que cumprimente com um grande sorriso ou até abraço os funcionários do condomínio e da escola.
  E teve um momento na qual eu perdi  quase perdi a cabeça:

Laura estava brincando no parquinho do condomínio, veio outra mãe, uma avó, com um filho já maior - devia ter uns 4 anos o menino - na hora a laura já abriu o sorriso e cumprimentou-os. Ela chamou a laura e fez menção de segurar a mão dela, no mesmo momento que falava: "vem com a tia, vou te mostrar uma coisa", a Laura olhou para mim como se pedisse permissão. Eu dei, com um aceno de cabeça. Ela foi... Antes que a mão dessa mulher pudesse ter alcançado a da laura ela deu uma bronca na minha filha. Assustando-a:
  - você me conhece? você já me viu? eu poderia te levar embora como o homem do saco faz, sabia? não confie nas pessoas! 

Ela claro, fez cara de choro e correu para mim. fiquei sem reação.

  Tentando manter a calma eu sorri para mulher - sorri?! acho que foi mais "mostrei os dentes"- e expliquei a ela que minha filha não é criada a base do medo e que eu não minto para ela.

Abaixei e disse a Laura:

  Filha, enquanto você estiver comigo, você pode confiar nas pessoas, você pode ser simpática a elas. Existem pessoas que sentem medo, você não é uma delas, mas infelizmente essa moça tem medo, mas você não deve ter, mamãe enquanto estiver perto vai te proteger e você não precisa se preocupar por hora com isso. Perdoe essa moça. E ninguém vai te levar embora enquanto eu estiver perto. Para não se preocupar com isso, não saía da minha vista. (é claro que no momento, não foi bem isso, mas mais ou menos isso).

Ela voltou a brincar e continuou a ser simpática, mas obviamente, não chegou mais perto dessa mulher.

Mas porque eu fiz isso?! E se um dia oferecerem uma bala a ela e ela for...

1) ela tem 1 ano e meio. Eu não quero que a base da criação dela seja o medo. E sim, que primeiro ela consolide a confiança. Até porque nessa idade ela não ficará nem um segundinho sozinha.
2) ela só anda de mão dada comigo na rua - nunca corre - realmente não existe uma forma - no momento - que eu possa perde-la de vista ou que alguém possa passar e "leva-la".
3) Ela não vai entender a diferença de estranho, para uma pessoa "amiga da mamãe que nunca vi". Então, por hora, prefiro que todos sejam "amigos que nunca vi". Assim estimulo o lado sociável dela.
4) Ela odeia que a peguem no colo, que mexam com ela. De longe ela sorri mesmo, mas tenta pegar?! rola berros incansáveis.
5) Antes de fazer algo que ela tem dúvida - ela pede primeiro - nem que seja com um olhar.
6) nunca minto para a Laura, homens do saco, papai noel, coelhinho da pascoa - não existem.
7) Em brincadeiras com bonecos eu mostro o quão importante é ficar ao lado da mamãe e/ou do papai ou de alguém conhecido.


Se alguém um dia oferecer uma bala:

1) eu vou estar junto e não vou deixar ela pegar.
2) ela vai ter idade suficiente para entender que - se tiver sozinha - ela não vai pegar a bala. Conversa é uma coisa que - pretendo - ter bastante por aqui.

Porque isso?

Meu pai é uma pessoa medrosa - acho que por conta de guerras, não sei - e ele proibia a gente até de falar o nome pelo telefone (ou coisas do tipo) e basta um barulho na casa - por mais identificável que seja - ele sempre vai verificar do que se trata.
Eu sou uma pessoa que tem medo - ando desconfiando de tudo e todos - e posso contar que nenhuma das vezes eu tive "razão" para esse temor. E é horrível você desconfiar até da sombra que te persegue ou do barulho que esta logo atrás de você - e depois perceber que é só sua mala e sua própria sombra.
Então, estou tentando de alguma forma, quebrar esse ciclo do medo.
É claro, que coisas ruins podem nos acontecer a qualquer momento. Mas o mais provável  é que percamos as oportunidades boas que nos cercam se tivermos com medo.
(ele meio que cega não?!)

Porque parece mesmo que a sociedade quer de qualquer jeito que as pessoas, desde crianças, tenham medo.