segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sobre as pessoas ao nosso redor e o ciclo de apoio.

Estou querendo escrever esse post faz mais de mês, mas sempre algo acontece que não consigo terminar.

A maternidade me trouxe vários ensinamentos, no início, quando Laura era bem pequena, eu não tinha entendido direito esse negócio de ser mãe, lidava mais como ser dona. Eu não aceitava ajuda, me orgulhava disso e vivia muito apertada e achando que todo mundo estava contra mim (oras bolas)! Logo o mundo me mostrou o oposto e eu abri a guarda e entendi que o mundo que eu queria que minha filha vivesse era o de apoio contínuo, boas energias, ajudas mútuas, como uma tribo.

Em um dado momento li um livro chamado " uma mente milionária", parece engraçado, mas aprendi nesse livro sobre maternidade e deixar as coisas fluir, em um dado momento ele fala para nunca recusar nada que seja bom, assim você mostra para o universo que esta aberta as coisas boas e positivas e fala sobre alguns estigmas negativas sobre palavras e objetos que na verdade são bem positivos, como ajuda e dinheiro (que vemos como algo tão ruim, mas são na verdade coisas boas!) e como é bom falar sim para as duas coisas (sim! Sim!).

Isso sem esquecer a mágica que foi ganhar de presente um casamento (sim!) com várias pessoas incluídas. A verdade - sem querer me gabar - é que eu sempre fui cercada de várias pessoas boas.

Antes mesmo de um ano Laura já tinha uma boa rede de apoio. De todas as formas possíveis, isso só veio aumentando cada dia mais.

Grávida da Heloísa eu recebi financeiramente a ajuda de 99 pessoas para pagar o parto dela (99!), mais as pessoas que me deram informações, forças e apoio para seguir em frente (impossível contabilizar).

Antes de me formar, eu tive a ajuda de mais de 2 mil pessoas para divulgar e batalhar pelo meu caso, que deu em uma nova resolução e um acréscimo de 4 para 6 meses de licença maternidade da USP ( e tirou o poder das mãos dos professores) e no fim, me formei.

Em uma saída com amigos da faculdade, eu resolvi prestar mestrado. Mas não sozinha, foi intensos 2 meses de real ajuda e dicas (com direito a muito audío via whats upp) para eu ficar tranquila e passar pelos exames.

Durante essa trajetório eu ainda ganhei incentivo e prestígio para continuar trabalhando em casa, mas mais que isso, eu ganhei apoio, abraço e energia positivas para também lidar com alergias e outros problemas que vivi/vivo em casa.

Entre tantas outras coisas, minha maior preocupação era aonde as crianças iam estudar ano que vem - afinal eu não tenho realmente alguém que fique a disposição para que possa cuidar das minhas filhas. Minha mãe claro, pode vim sempre uma vez ou outra, mas não pode permanecer em um longo período de tempo.

Foi uma alegria um dia receber a ligação de que eu tinha ganhado 50% de desconto em uma escola aqui perto e uma tristeza saber que eu não poderia pagar. Dentre os tantos milagres, a salvação final do meu ano (e da minha tranquilidade para dormir a noite) foi uma pessoa especial (desde sempre) ter pago a matricula e me ajudar a pagar as mensalidade. Filhas seguras e felizes garantido ano que vem e isso permitiu que eu conseguisse me voltar completamente para os estudos nas provas finais do mestrado (ufa!).

Entre tantas coisas, eu agradeço a todas essas pessoas conhecidas e queridas, mas também agradeço as pessoas desconhecidas, que de alguma forma me ajudam no transporte público, na rua, a amarrar um sapato de uma das crianças ou as que oferecem alguma coisinha para minhas meninas comerem.

Eu sei, parece absurdo falar em bondade de pessoas com tudo isso acontecendo no nosso mundo, mas eu acredito - porra se acredito! - nas pessoas e que a bondade é essencialmente a maioria, a esmagadora maioria e que estamos nos finais do tempo, nos finais do tempo da intolerância, da maldade, do preconceito e que estamos voltando a ligar-se uma nas outras e ajudar um pouquinho aqui e ali para tornar o mundo melhor.

E as minhas crianças, um dia, quando tiverem grandes - sejam elas quem forem, mas que sejam felizes - e você olhar para elas, sinta orgulho também, porque com certeza você também me ajudou a cria-las. Você também ajudou elas a se tornarem o que são. E nada disso seria possível sem vocês.

Fica aqui meus agradecimentos, minha tribo, por permitir que minhas filhas conheçam a maravilha de ser e estarem aqui pelos nossos laços e os laços de vocês. Por estarem e serem envolvidas essencialmente de amor.

Obrigada,

Dessa mãe que chora de esperança por um mundo que já esta melhor.






Heloísa e a alergia


Com 3 meses descobrimos que ela era APLV (alergia a proteina do leite de vaca), os sintomas eram: Recusa a mamar, estatura e pesos abaixo da curva (no caso era bem abaixo), fezes com sangue, dermatite atópica, assaduras monstro, pintas espalhadas pelo corpo, prisão de ventre de 10/11/12 dias, não havia choro.
Com a introdução alimentar, descobrimos por contato a alergia a feijão e lentilha.
Fizemos a dieta e com isso sumiram todos os sintomas e ela não só alcançou a curva como a ultrapassou (hoje pesa quase 10 kilos e tem 74cm! Pesa e mede mais que a Laura com 18 meses!)
Fazia uns 15 dias que ela começou a chorar de dor (de dor gente! Nunca fez isso) e uma assadura carne viva começou a tomar conta do seu pobre corpinho + umas pintinhas pelo corpo.
Sexta iniciei a dieta de exclusão do corante. Faz 24 horas que ela não chora mais de dor. A assadura esta BEM melhor, mas ainda o bumbum branquinho ainda não voltou.
Por um lado fico bastante chateada com a nova dieta. Ela parece ainda pior que a do leite. Por vezes ainda seguro o choro e mal tenho vontade de sair de casa. No sábado eu dei umas voltinhas e fico chateada com os outros chateados de eu não comer (entendem? :S), porque acho que já superei o fator vontade faz um tempo.
Eu entendo quando alguém acha que é frescura, que estou procurando pelo em ovo ou que ao menos eu não deveria amamentar, entendo MESMO, mas com o conhecimento que eu tenho - e não digo que é muito, mas é suficiente - parar de amamentar e de fazer dieta não é opção e nunca será (nem que ela seja alérgica a mil alimentos) Amamentar é uma das melhores chances de cura que minha filha pode ter e TUDO o que estiver ao meu alcance para ela ser perfeita, linda, gordinha e feliz eu farei. Eu entendo as críticas, entendo mesmo, mas peço para não fazerem - não na minha frente, por detrás fiquem a vontade - porque com tudo isso, o pior ainda é o desgaste emocional, a explicação do porque eu tirei tal coisa da dieta (Eu não faço isso por que quero me achar, que ideia! Eu consigo me achar sem fazer dieta viu? hahaha), e qualquer explicação das minhas atitudes como mãe de uma alérgica (das nossas, vide que qualquer decisão aqui é familiar e todos estão incluídos).
E mais uma vez, eu não me incomodo de forma alguma de me oferecerem algo com leite ou que eu não possa comer, eu sei que é fácil esquecer e eu só espero que não se incomode de eu recusar. Também não se incomodem se eu relembrar da alergia mil vezes quando estiver com minha filha no colo. Porque sim, eu faço isso. Sim, tenho ciência que é chato. Sim, farei mil vezes mesmo você achando chato.