Eu não estou legal nos últimos dias.
Minha cabeça dói quase que o tempo todo, minhas costas idem e não bastando levei um tombo hoje com a Laura na colo - estamos bem.
Mas o pior de tudo é que ontem, mandei minha filha calar a boca.
Sim, eu usei essa expressão: "cale a boca".
E confesso que hoje de manhã utilizei a mesma expressão novamente: "cale a boca"
Não me doeu na hora, pouco me doeu hoje de manhã. Mas agora sem a presença dela ao meu lado, Dói.
Dói mais que minha cabeça e minhas costas juntas. Dói todo o coração. Como pude?!
Eu não deixaria nenhuma pessoa no mundo falar assim com ela! Então porque eu falei?!
Minha versão:
Ontem eu trabalhei a manhã inteira, cheguei quase na hora da natação - e estava um frio - fiz toda a natação com o corpo doendo e saindo da água quente - no final - ela deu um escândalo. Aqueles escândalos de parar toda a academia para olhar. Aquele que eu sempre temi. Aquele que eu enfrentei sozinha e morta de frio e cheia de dor. Dei um banho nela, enquanto eu estava tremendo igual vara pau... e ela berrava. Troquei a roupa dela, enquanto eu ainda estava encharcada e ela chorava. Coloquei uma roupa em cima do meu maio molhado, enquanto ela ainda berrava. Saí na rua encharcada, em plenos 11 graus, com ela exausta capotando e silenciando-se finalmente no carrinho.
Empurrei ela por alguns quarteirões, tremendo, com dor em todas as juntas e tentando abrir os olhos para enxergar o que estava na minha frente, de tanta dor de cabeça.
Cheguei em casa e subi plenos 3 andares com ela dormindo em meus braços, coloquei ela na cama dela e fui tomar banho. Quando não mais que de repente sou retirada do banho quentinho - por um berro agudo e estridente. eu queria morrer.
Aguentei tudo isso firme e forte. Até a chegado do pai dela - depois disso eu só queria um silencio milagroso, comer bem e dormir sem ter que me mexer, mas isso - obviamente - não aconteceu e tentei errôneamente mandar uma criança de menos um metro de altura, sensível a tudo, calar a boca. Brava, como uma adolescente mimada, nem olhei para ela toda a noite.
Aí hoje li isso e repensei direito.
E fiz a versão dela:
"Ontem percebi que mamãe não estava bem quando acordou, fiquei quietinha ao lado dela assistindo televisão. Tentei abraça-la, mas ela recusou falando que ela estava dodói. O melhor que eu posso fazer é ficar bem juntinho dela.
(...) Não sei o porque ela me mandou para a escola bem cedo, e sem se despedir. Entrei e brinquei bastante com meus amiguinhos, mas louca para ver minha mãe novamente e ficar bem agarradinha a ela.
5 horas depois ela veio me buscar e fomos juntas na natação - que delícia ficar agarradinha na mamãe nessa água quentinha! Gostei tanto que não parava de rir só um segundo. Mas rapidamente a aula acabou e eu senti frio. Muito frio. Chorei para tentar explicar a ela que estava com frio - mamãe estou com muito frio! - e nesse quarto tem muita gente estranha - mamãe não saí de perto de mim! mamãe não perca tempo fazendo outras coisas a não ser ficar comigo. Estou com medo e estou com frio.
Mamãe me deixou no carrinho, não queria ficar lá. Me senti distante dela, mas estava bastante cansada e adormeci.
Quando acordei estava na minha cama, mas mamãe não estava lá. Chorei desesperadamente "Aonde foi mamãe? mamãe cadê você?" e ela apareceu brava e molhada - exatamente como tinha a visto a ultima vez.
Mais tarde papai chegou e quis ficar comigo. Brincando com papai, mamãe falou algo que eu não entendi, mas não gostei. Quis ficar com ela, abraça-la para dizer que eu a amo. Mas ela não quis. Chorei mais uma vez. Com muito esforço, consegui com que ela me desse de mamar para dormir e adormeci no seu colo, mas ela não olhou para mim nenhuma vez."
Repensando, o dia da Laura foi bem, mas bem pior que o meu. Poderia ter passado a vida sem perceber este erro. Sem me tocar dos seus sentimentos, mas ela esta fazendo o possível para ficar ao meu lado e me dá força. Apesar de eu não ter entendido.
Somos pessoas passíveis de erros. Mães erram - e como erram!
E espero não cometer este erro novamente.
Filha, mamãe te ama. Desculpe.