E vou te contar que esse foi um dos melhores momentos da minha vida, foi como um sonho se materializando bem ali, na minha frente. E claro, não tem como ver tudo isso, sem derramar algumas poucas -ou muitas- lágrimas.
[03/07/2013 13:16:05] aline.shirazi: Fui na
praia.mergulhei. sensacional.
Durante o dia - e a noite - que ficamos ao redor de Tel Aviv, fomos assimilando o que é ser judeu, o que é o judaísmo. A beira mar do mar mediterrâneo. E é incrível como as coisas fazem muito mais sentido lá do que aqui. Lá não precisamos provar dia após dia que somos judeus, ninguém ficará boquiaberto em saber que somos judeus, ninguém falará que por não praticar o shabat não somos judeus.
E por um momento eu senti como se finalmente eu me encaixasse na religião, me encaixei certinho, toda. Então, eu sou judia mesmo... É claro que não havia dúvidas antes, mas eu já ouvi com muita tristeza, dúvidas dos outros a respeito da minha religião, "ah! mas você não pode usar calça jeans", antes eu pensava: puxa, não posso mesmo... então não sou judia?. Hoje claramente eu rio da cara de um sujeito desse. E falo com muita mais alegria e mais paixão, quem eu realmente sou... Judia.
PS: Preciso mudar quem eu sou deste blog e colocar, Aline, mãe, judia, estudante de gestão ambiental...
03/07/2013 13:18:39] aline.shirazi: Entao. Tem muitas vertentes
do judaismo. São todos judeus. A ultima de TODAS é ter um descendente qualquer judeu (pai e mae)
e nao seguir a religiao. A primeira sao os ultra ortodoxos aqui de israel, que
sao contra o estado de israel. (Muito dahora esse assunto)
Não é BEM isso, mas é uma forma de ver. Inclusive achamos judeus que o "messias" já tinham vindo a uns 300 anos atrás.
[04/07/2013 09:30:19] aline.shirazi: Em israel. Estou
apaixonada por isso tudo
[04/07/2013 09:30:27] aline.shirazi: Por ser judia.
[04/07/2013 09:30:36] aline.shirazi: Por estar aqui.
[04/07/2013 09:30:49] aline.shirazi: Me arrepio só de pisar
na terra
[04/07/2013 09:31:05] Vinicius Shirazi Conte: que legal amor
[04/07/2013 09:31:06] aline.shirazi: É tao eu. Tao lindo.
Tao minha casa.
Depois de passar um tempo conversando sobre a Laura...
Os militares:
[04/07/2013 11:36:20] aline.shirazi: Indo para jerusalem!
04/07/2013 11:39:15] aline.shirazi: Vou ficar 3 noites com
uma israelense no quarto! Uhuuu
[04/07/2013 11:39:33] Vinicius Shirazi Conte: =]
[04/07/2013 11:39:42] Vinicius Shirazi Conte: como assim?
[04/07/2013 11:40:07] aline.shirazi: Eu, e mais uma menina
do meu grupo. (...)
[04/07/2013 11:40:37] Vinicius Shirazi Conte: vocês duas vão
dormir com uma israelense?
[04/07/2013 11:40:39] Vinicius Shirazi Conte: porque?
[04/07/2013 11:40:50] aline.shirazi: O taglit, recebe 5
israelenses para passar 5 dias com o grupo
[04/07/2013 11:40:56] aline.shirazi: 3 meninas e 2 meninos
[04/07/2013 11:40:57] Vinicius Shirazi Conte: entendi
[04/07/2013 11:41:17] aline.shirazi: Para trocar
cultura/experiencias
[04/07/2013 11:45:38] aline.shirazi: O pais nao tem nada
excepcional.
[04/07/2013 11:46:09] aline.shirazi: Mas eu me identifiquei
demais
[04/07/2013 11:48:12] aline.shirazi: As crianças vivem indo
em kibutz, fazendo trabalho voluntario, viajam o mundo com a escola. Depois da
escola eles vao para o exercito, servem de 2 meninas a 3 anos meninos e depois
fazem mochilao pelo mundo, na volta fazem faculdade e começam a vida adulta.
[04/07/2013 11:48:41] aline.shirazi: Acho o maximo, porque
para mim, isso é viver! Ter experiencias, historias.
[04/07/2013 11:49:15] aline.shirazi: Cria_se muita
maturidade.
Vou aproveitar esse gancho para comparar os militares de 19/20/21 anos a nossa crianças de até 23/24 anos.
Pensando sempre em refletir o que eu aprendo na criação da minha filha, eu fico imaginando o que ela será com 20 anos.
Parando para pensar - não seria ruim que ela fosse imatura - mas, como mãe eu preferiria que ela já tivesse certos discernimentos, inclusive para não perder oportunidades.
Porque o que mais perdemos com nossas crianças brasileiras, foi Tempo. Não que isso seja ruim, mas sim que foi uma perda, foi.
Não temos experiências de nada que não seja nos dado de mão aberta, não sabemos o que é responsabilidade, pouco sabemos - ou queremos saber - sobre cultura/ museu/ história.
Tudo que não seja balada é boring.
Vou te dar uns exemplos:
- 2 da manhã do primeiro dia em Jerusalém, depois de conhecido os militares, fomos para cama dormir as 4 horas nos restavam, a criança de 22 anos do meu quarto estava sem sono, a militar do meu quarto estava com Muito sono - ela tinha passado a noite anterior ansiosa e no dia anterior trabalhado. Ela deixou claro que queria ir dormir. A criança do meu quarto fez chantagem emocional e pediu para que elas ficasse andando pelo hotel, porque ela estava sem sono. Sem nem se importar com a menina de 19 anos que estava exausta e tinha aquele pouquinho para dormir. - cara! - Ela foi passear exausta pelo hotel com a criança.
- Uma das militares não podia dizer no que trabalhava, uma das nossas crianças falou " conta, juro que não conto para ninguém", ela novamente falou que não podia e mudou de assunto. Então a criança soltou um "assim, vai ser difícil eu ser sua amiga" . CARA! jura?! acho que minha filha deve ter esse tipo de pensamento!
- sem contar que eu vi crianças pedindo para os militares beberem - não beberam claro - e outros comportamentos dignos de reprovação no berçario (sala de minha filha).
Não falo de todos claro, até falo de metade do nosso grupo talvez, grande parte trabalha, tem sua própria vida, mas mesmo assim, comparando as idades e os comportamento militares X brasileiros, dá para ver nitidamente uma diferença que EU particularmente gosto. E não venham com história de que eles são ADULTOS, porque não são, são mais maduros - que considero bem diferente de adulto - logo que eles tem também vários comportamentos adolescentes, riem, brincam, cantam, "se jogam" como qualquer jovem adulto faz. E claro, que eu me coloco junto no grupo de "imaturos". Apesar de achar que tenho uma vivência um pouco mais diferenciada dos outros brasileiros (sair de casa com quase 18, ter família e responsabilidades, não ter quem me sustente, mas ainda assim sou "mimada" de várias outras formas)
Agora sim, Jerusalém:
[05/07/2013 09:18:44] aline.shirazi: Jerusalem para os
israelenses é a capital do pais. Eles brigam para o resto do mundo aceitar
isso. Mas aqui jerusalem é a capital.
05/07/2013 09:19:05] aline.shirazi: Fui no muro das
lamentaçoes
[05/07/2013 09:19:19] aline.shirazi: Foi a experiencia mais
incrivel da minha vida.
[05/07/2013 09:19:28] Vinicius Shirazi Conte: ah é?
[05/07/2013 09:19:31] Vinicius Shirazi Conte: porque?
[05/07/2013 09:19:49] aline.shirazi: Antes, eu perguntei uma
pergunta do teu pai
[05/07/2013 09:20:03] aline.shirazi: Como cabe papel ainda
nos buracos?
[05/07/2013 09:20:22] Vinicius Shirazi Conte: hum
[05/07/2013 09:20:32] aline.shirazi: Eh porque todo dia a noite
quando o muro fecha eles retiram todos os papeis. Hahaha
[05/07/2013 09:20:51] aline.shirazi: E no dia seguinte se
coloca tudo de novo
[05/07/2013 09:21:07] Vinicius Shirazi Conte: entendi
(...) Começo do relato quando fomos conhecer Jerusalém:
[05/07/2013 09:21:49] aline.shirazi: Foi assim:
[05/07/2013 09:22:04] aline.shirazi: Eles tamparam nossos
olhos antes de chegar
[05/07/2013 09:22:14] aline.shirazi: Nao sabiamos aonde
estavamos indo
[05/07/2013 09:23:31] aline.shirazi: E no caminham leram
sobre o povo judeu, sobre o quanto o que estava a nossa frente nos esperava, como uma mae que
anseia por seu filho pequeno que esta longe ( e foi ai que chorei muito, porque estou
vivendo a mesma coisa)
[05/07/2013 09:24:10] aline.shirazi: Foi bem mais que isso.
Eu nao tinha ideia do que tinha na minha frente
[05/07/2013 09:24:43] aline.shirazi: E de repente, a fala
acabou, descobrimos os olhos e la estava o muro e toda a jerusalem ao redor.
[05/07/2013 09:25:28] aline.shirazi: Foi emocionante e eu
senti que aqui é aonde eu devo estar. É aqui o meu local.
[05/07/2013 09:26:05] aline.shirazi: Minha casa, minha
patria. Voltar para minha terra que anseia por seus filhos que estao longe
[05/07/2013 09:26:32] aline.shirazi: Eu tenho consciencia
que parece que sofri uma lavagem cerebral
[05/07/2013 09:28:20] aline.shirazi: Mas isso esta me
fazendo bem, a maioria estou descobrindo por mim mesma. É a primeira vez que
tenho orgulho de ser quem sou. De ser judia. De amar minha religião. E que aqui
eu posso ser tudo isso sem ser minoria. Sem ser a "estranha", sem
indagarem o do porque eu acreditar no que acredito.
[05/07/2013 09:29:07] aline.shirazi: É isso. Rs
[05/07/2013 09:30:36] Vinicius Shirazi Conte: que legal
[05/07/2013 09:31:01] Vinicius Shirazi Conte: estou muito
feliz que esteja curtindo
[05/07/2013 12:10:07] aline.shirazi: Amanha dia livre
[05/07/2013 12:10:17] aline.shirazi: Mas acho qur vou dormir
o dia todi
[05/07/2013 12:10:20] aline.shirazi: Enfim
[05/07/2013 12:10:42] Vinicius Shirazi Conte: nossa, ta bem
puxado}?
[05/07/2013 12:11:24] aline.shirazi: Sim. Ontem foi balada,
voltamos 2 e meia
[05/07/2013 12:11:32] aline.shirazi: Acordamos as 6
[05/07/2013 12:11:38] aline.shirazi: Mas
[05/07/2013 12:11:45] aline.shirazi: Eu nao fui, fiquei do lado, em um café que teve que durar 3 horas, hauhauehuae
No dia seguinte acordei cedo - hahahaha- e era shabat em jerusalém, escrevi ao vinícius por e-mail várias coisas, entre elas:
Outra curiosidade. Nada abre aqui em Jerusalém no Shabat.
Não tem carros nas ruas
Celulares ficam desligados, elevadores tb.
Eu fui Tomar um sol na rua e me senti a única pessoa no mundo!
E é incrível, porque realmente você se sente. Neste dia fomos até o museu de israel - a pé - e no fim da noite shopping, eu só comi e voltei para o hotel. Não sem antes convencer a nick a comprar um Galaxy SIII.
Outra curiosidade. Nada abre aqui em Jerusalém no Shabat.
Não tem carros nas ruas
Celulares ficam desligados, elevadores tb.
Eu fui Tomar um sol na rua e me senti a única pessoa no mundo!
Hahahaha
E para finalizar essa parte - e para não ficar muito grande. Vou contar um pouco sobre o museu do Holocausto ou Yad Vashem:
O museu foi horrivel
Saiu todo mundo chorando - por dentro ou por fora - . Bem pesado
6milhoes de judeus mesmo. 10 milhoes de pessoas
(...)
(...)
Os judeus tiravam muita foto. Tinham muitos filhos.
E ainda se tem mae que sai da guerra sem filhos e nao querendo relembrar da existencia deles, do sofrimento de ter perdido eles, nao falam nada
O yad vashem é onde faz identificaçao das historias, familias, nomes, fichas que contem até como eram nas escolas antes da guerra
Os alemaes fizeram numeros nos braços das pessoas
E faziam fichas identificando essas fichas
Desses em media 20% nao se sabem o que aconteceu
Se morreu, se sobreviveu e mudou de nome e mais outras mil alternativas.
[07/07/2013 14:24:18] aline.shirazi: Ai só para finalizar. identificaram uma cova gigante em uma cidadezinha na alemanha, 2 anos atrás, na qual pessoas foram enterrados por um padre a 70 anos atrás (na marcha da morte). No tumulo estava escrito os numeros dos braços.
[07/07/2013 14:24:50] aline.shirazi: Atraves desse numero, identificaram 385 pessoas, sendo uns 200 judeus, que atraves dos numeros tiveram seus nomes identificados e tidos um final. Nessa lacuna ainda tem 20% a ser descoberto. 385 pessoas que morreram na marcha da morte, morreram e foram enterradas por um padre em uma cidade isolada. 70 anos para se terem um final. Cada corpo descoberto, seus familiares sao procurados e informados. É muito lindo o trabalho.
[07/07/2013 14:27:46] aline.shirazi: Mais ou menos. É muita coisa para se assimilar
O museu foi uma experiência muito triste, mas válida como pessoa de ter conhecido. Quando eu era pequena fui bombardeada com a segunda guerra mundial (dos 8 aos 12 anos), por um colégio judaico. Por mais que queriam que eu assimilasse a informação, é complicado para uma criança; e considero atualmente até um pouco cruel e distorcido. Talvez até o impacto das informações, fotos, vídeos não fez aquele efeito desejável em mim. Em casa também crescemos com filmes e documentários da guerra. Já tinha uma boa bagagem, entende? Conheço história terríveis. Mas, você estar no museu é mais do que ver como mero "espectador" ou algo que "aconteceu", é como se você tivesse lá como primeira pessoa. Isso me atordoa até hoje, até hoje converso com o marido sobre as histórias que escutei no Yad Vashem tentando de alguma forma entender ou mesmo justificar alguns atos individuais, coletivos. Aumentou o meu querer de ser judia, aumentou a minha defesa pela minoria - qualquer uma - e de certo aumentou minha tristeza com alguns preconceitos que antes não me doíam tanto. E a noção de que isso pode sim acontecer novamente. Apesar de eu ser do tipo ingênua, que acredita na humanidade - por enquanto.
Não vou me delongar sobre esse assunto, porque após mais de mês de te-lo visitado, as lembranças ainda eriçam meus pelinhos dos braços.
Se quiserem ler mais sobre o Yad Vashem, clique no "leia mais" ou algo assim. Vou colocar os pontos que mais achei interessante saber ou que visitei:
- Tudo tirado do Wikipedia:
É o memorial ao milhão e meio de crianças judias mortas no Holocausto. É uma caverna em cuja entrada existe a uma série de retratos de crianças e, ao longo de um trajecto por uma sala escura onde, através de espelhos, são projectadas milhares de velas em memória das crianças. Em permanência, escutam-se os nomes das crianças, a sua idade e origem geográfica, em som de fundo, em hebraico e inglês.
Os Justos Entre as Nações[editar]
Uma das funções do Yad Vashem é homenagear os não-judeus que arriscaram a vida, liberdade ou posição para salvar judeus durante o Holocausto. Para este fim, uma comissão especial independente, foi estabelecida. Os membros da comissão, incluindo historiadores, figures públicas, advogados e sobreviventes do Holocausto, examinam e avaliam cada caso de acordo com um bem definido conjunto de critérios e regras. Os Justos recebem um certificado de honra e uma medalha e os seus nomes são recordados no Jardim dos Justos Entre as Nações, no Monte da Recordação, Yad Vashem. Este é um projecto em continuo que se manterá enquanto houver solicitações válidas, substanciadas por testemunhos ou documentação. Até 2008, mais de 22,000 indivíduos foram reconhecidos como Justos entre as nações.
Objectivos[editar]
- Educação:
- através da Escola Internacional para o Estudo do Holocausto 1 que inclui um sector de multimédia, centros de pedagogia e académicos.
- Realização de cursos de desenvolvimento profissional para educadores, tanto em Israel como no resto do Mundo
- Desenvolvimento de programas de estudo, currículos e materiais didácticos adequados a diferentes idades, para escolas israelitas e estrangeiras, a fim de educar estudantes de todas as idades sobre o Holocausto
- Apresentação de exposições sobre o Holocausto
- Ensino do Holocausto ao público em geral
- Documentação:
- Recolha dos nomes de vítimas dos Holocausto. A Base de Dados Central dos Nomes das Vítimas da Shoá (Central Database of Shoah Victims' Names) guarda actualmente mais de 3.3 milhões de nomes de vítimas do Holocausto, tudo acessível on-line. Yad Vashem continua o seu projecto de recolher o maior número de nomes de vítimas judias possível.
- Recolha de fotos, documentos e recursos relacionados com o Holocausto. Os Arquivos do Yad Vashem encerram mais de 74 milhões de páginas de documentação relacionada com o Holocausto e mais de 350,000 fotografias.
- Recolha de Páginas de Testemunho, recordando as vítimas judaicas do Holocausto,.2 Até agora, o Yad Vashem recolheu 2.1 milhões de Páginas de Testemunho.
- Gravação de testemunhos de sobreviventes. A Secção de História Oral dos Arquivos do Yad Vashem actualmente abriga cerca de 46,000 testemunhos áudio, vídeo e escritos
- Comemoração
- Preservação da memória e nomes dos seis milhões de Judeus mortos durante o Holocausto e as numerosas comunidades judaicas destruídas durante esse período.
- Realização de cerimónias de recordação e comemoração
- Investigação e Publicações:
- Condução, encorajamento e apoio à investigação referente ao Holocausto
- Encorajamento de estudantes e jovens académicos a investigar o Holocausto
- Desenvolvimento e coordenação de simpósios, workshops e conferências internacionais e realização de projectos escolares
- Publicação de investigação, tornando-a acessível ao público em geral
- Publicação de memórias, documentos, álbuns e diários relacionados com o Holocausto
- Justos entre as Nações
- Homenagem aos não-judeus que arriscaram as suas vidas para salvar judeus durante o Holocausto. Desde a década de 1960 o título de ‘Justo entre as Nações’ foi agraciado a mais de 22,000 indivíduos.