Ao ler a revista Pais & Filhos deste mês, na matéria que trata sobre o consumo "Meu filho tem coisa demais", lembrei de um evento que aconteceu quando eu estava com uns 11 anos.
De acordo com meus pais eu não era muito "pidona" por isso acho que quando eu pedia algo era atendida na hora ou pouco tempo depois.
Meus pedidos normalmente eram de bichinhos de estimação (posso considerar que já tive umas 30 espécimes em casa, desde repteis, passaros, mamiferos, peixes...), não lembro de pedir uma roupa, maquiagem ou coisinhas de menina na minha infancia ou adolescência e o brinquedo mais pedido sempre foi a famosa e redondinha "bola". A bola!
Então, ao ler a reportagem (muito bem feita por sinal), relembrei um dia em que estava em casa, e tinha na época um game portátil, chamado "game boy" (mais uns dos brinquedos típicos masculinos que eu adorava) e queria o joguinho do pokemon (febre nessa época). Lembro do meu pai chegar em casa, tirar os sapatos e eu genuinamente, achando não sei o porque que ia receber um não, pedir para ganhar o "tal" jogo, não esperava nem que fosse na semana, mas um dia... Foi o tamanho da minha surpresa (que até hoje esta bem guardadinho em minha memória), o meu pai sorriu, recolocou o sapato e no mesmo momento me levou ao shopping para compra-lo. Tenho essa lembrança guardada com tanto carinho e que para mim, até hoje parace ser uma atitude de carinho de um pai e não de consumo. Talvez por ganhar presentes "só de vez em quando" tenho essa lembrança viva ou talvez pelo sangue que corre em minhas veias(rsrs) por lembrar que o tal joguinho, para o meu gosto, foi bem caro.
Assim como essa memória, lembro dos pokemons que ganhei de uma rede de supermercados, que custava 25 reais cada um (e foram uns 5 no mesmo dia!) e as duas bolas que ganhei no parque ibirapuera (uma por ter sem querer, jogado no riozinho poluído de lá), todas essas lembranças com meu pai.
Agora, não sei realmente se existe mesmo a necessidade de dar determinados "nãos" para a criança para que ela não se torne mimada, ou restritos "sims", mas acho que qualquer ato que venha para a criança seja com responsabilidade e recheada de amor.
Estou tendo a Laurinha agora, recheada de conhecimentos teóricos (acredito eu), zerada em conhecimentos práticos, com poucas condições de dar a ela a vida que muita classe média dá aos seus filhos, (brinquedos caros, escolas particulares, roupas de marcas, viajens ao exterior)... mas estou com uma disposição e VONTADE de ser mãe (aliás, empenhando-me mais do que já me dediquei a qualquer coisa no mundo e com um tremendo gosto e satisfação) que acho que vai construir nela, histórias de vida e memórias repletas de tanto amor que ela nem vai se dar conta do que teóricamente não teve.
Como disse Lya Luft (também encontrado na edição de Pais & Filhos deste mês):
"Criança brinca bem com pouca coisa (...). Ele vai ser mais ou menos feliz se tiver mais ou menos amor"
Ta aí!