terça-feira, 5 de agosto de 2014

Incomum, eu mãe.

Não sou incomum, pelo contrário sou a maioria.

   Sou a mãe que se mescla de estudante, que saí na rua com RN, que grita ao mundo o que acha certo, que carrega filho pendurado no peito, que anda devagar com a cria pensando no dia de amanhã, mãe que toma banho para dar banho a filha, que passa a mão na barriga para não ter dor na consciência. Mãe que se veste como quer, como acha que lhe cabe. Que corta o cabelo curto - porque sempre gostou de cabelo curto.

    Sou a mãe que dá sorvete, que carrega de cavalinho, que faz pipoca assistindo filme e que - até - joga videogame. Sou mãe que se irrita, que entra no facebook, que adora escrever, que ama o que faz.

    Sou a mãe que já ouviu absurdos de que não vai ser mãe, com M maiúsculo. Sou a mãe que se orgulha de se sentir a Mãe com M maiúsculo (e se for ego, que seja! minha alegria esta feita).

   Sou mãe que foi reprovada por ser mãe - que deveria estar em casa com a barriga no fogão - sou mãe que abandonou emprego - e empregos - por querer ser mais mãe. Sou mãe que já passei a madrugada desejando não ser mãe - e ainda assim me sinto Mãe - sou mãe que já quis emprego por parar um pouco de ser mãe. Sou mãe, quase como todo mundo é mãe.

   Sou mãe que quer 10 filhos, que queria 1 só e que 5 já estaria bom. Sou mãe que ensina a ler, mãe que não ensina nada, mãe que brinca, mãe que larga. Sou mãe cantora desafinada, mãe que fez chorar para ver o biquinho, sou mãe fotógrafa, mãe babona, mãe com vergonha. Mãe que só quer comer. Sou mãe elogiada, sou mãe criticada. Sou mãe que bota medo, mãe que não quer nada. Mãe que não humilha, mãe que perde a paciência.

    Sou mãe. E aqui me encontrei e daqui não saio. Nunca mais.