segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Reflexão sobre diferenças, amor e sonhos, em bolinhas.

Como disse algumas vezes, essa gravidez é totalmente nova e diferente da anterior.
Enquanto na primeira o meu amor a criança era suficiente e maior do que o mundo - e eu tinha que brigar com o mundo.
Nessa segunda o mundo erradia amor para que eu absorva e seja suficiente para a criança - e muitas vezes eu tenho que brigar comigo mesma. 

Os últimos 3 anos sonhei em parir em casa, como um sonho irreal, louco e incompreensível. Em meus delírios me via escondendo até dos meus pais essa vontade e parindo escondida em casa como um crime. 
Me veio a gravidez - de surpresa - e me baqueou com a possibilidade real de parir em casa, mas não como uma louca e criminosa, mas com amor. 

Eu sei o quanto meu ativismo ao parto natural sem intervenções veio se modificando com o tempo, a princípio tímido como uma criança, logo depois agressivo, cheio de mil razões e convencimentos como um adolescente e jovem adulto e agora apenas me dei conta, que o meu ativismo ao parto natural, é exatamente isso, meu. 

A tal frase falada a mil cantos sobre o ativismo  "essa porta só se abre do lado de dentro" é real, mas ao amor não, o amor vem de fora, é multiplicado quando dividido e pode vim de todos os cantos - e realmente vem. 

E o que falo de amor, não é o amor de duas pessoas, é o amor um com os outros, que tem tantos outros nomes: empatia, amizades, reconhecimento, laços e até respeito. 

Essa é uma reflexão muito profunda para mim ultimamente, até porque para mim "amar" é um sentimento que mais recebo (muito mais) do que dou. Ainda me vejo "não gostando" de alguém, desejando mal a outras pessoas - e que difícil admitir isso! -  e na verdade o texto que faço agora veio minutos após eu ter tentado afastar um pensamento de "putz, como não gosto desse cara" e pensei, "vai lá, escreva sobre o amor, ele vai te ajudar muito mais do que esse pensamento negativo". Até porque reparei que o "não amar" também é bem multiplicado quando dividido e que temos que ter força - muita -  para não fazer esse espalhamento. 

E aí entra também as diferenças, porque somos diferentes, um para cada qual. Um gosto de tal partido, o outro gosta de aparecer, o outro de falar, o outro de ficar na dele, o outro ainda de fazer fofoca. E temos diferentes sonhos e objetivos: um de fazer doutorado, o outro de estrear uma grande peça, o outro de entrar em medicina e o outro ainda de ser milionário. Uns sonhos são esquisitos, como o  de ter a maior unha do mundo, outros mais normais: de se formar na faculdade, outros que nem todo mundo concordam: de fazer plástica e nós, nós? nós sonhamos em parir em casa. 

Não é o último sonho que teremos e nem por isso é um "menor" sonho, muito pelo contrário, no momento ele parece ser o mais importante de todos do mundo inteiro! 

E apesar de meio tímido no início dessa gestação - eu mesmo nem coloquei em "pauta" essa possibilidade, porque achei que seria impossível - meu marido como  expectador de primeira classe de realizações de sonhos já veio falando que "essa" era a hora de realizar aquilo que falávamos e conversávamos esses anos todos. Afinal, não sabemos se teremos outra oportunidade. E depois de muita procura, encontramos alguém que se encaixasse, só faltaria o menos importante ( o menos?! ) o dinheiro. 

Eu sou uma pessoa - era - bem orgulhosa - mas também nunca tive medo de ser sincera, mas caí em ciladas. No meu casamento falaram que era feio fazer lista de presentes, não fiz, me arrependi. Na gravidez falaram que era bom fazer chá de bebê "daquele jeito", eu fiz e me arrependi. A partir daí parei de seguir conselhos, mas sempre ouvi alguém dizer " é feio fazer isso, é feio fazer aquilo" e blablabla... Naquela época estávamos ainda tentando ser sozinhos, a Laura nasceu e de repente pessoas começaram a se aglomerar na gente, pessoas delícias, pessoas que deram todo seu apoio para a gente levantar (e levantamos!) e  logo após minha fase FERA, minha fase de angústias e decepções com o mundo. A partir daí, nunca mais o nós agregou só 3 pessoas, mas agregam muito, mas muito mais gente. Nosso aglomerado só vai crescendo e crescendo, diferente cada bolinha uma da outra e sem uma bolinha se meter na vida da outra, apenas cada bolinha ajudando a outra bolinha a conquistar os seus sonhos e a ser feliz e posso dizer que sempre tem uma bolinha entrando para o time. 

E não, essas bolinhas não lutam pelos mesmos ideais do que eu, não, elas nem sempre concordam com o que eu faço e nem sempre acham que aquilo que chamo de sonho, seja um. As vezes, uma bolinha ou outra acha até loucura, tem até algumas bolinhas que nem sabem do que se tratam, apenas "ouviram" que eu precisava de ajuda para um sonho. Um sonho ponto. 

Ninguém é louco de discutir um sonho (tá, algumas pessoas são, mas ainda não me deparei com elas), e não é alguém que luta a mesma luta que você é que esta ao seu lado, mas aquele que incentiva você a continuar lutando pelo que acredita que esta (e claro, vice versa), e incentiva você a lutar e chegar a realização. Isso é um tipo de amor, isso é amar. E no momento estou vendo muitas bolinhas me levantando para cima e chegando cada vez e cada vez mais perto do meu sonho. Bolinhas lindas, tímidas, falantes, ativistas ou contras, mas todas bolinhas do bem e bolinhas que amam e que sabem amar. 


E que as agregações de bolinhas sempre aumentem, até sermos uma bolona só! <3 Porque o mundo precisa disso mesmo: diferenças, amor, sonhos e aglomerações =)