sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O homem dos balões

Ontem - um dia péssimo até então - busquei a Laura na escola e estávamos voltando cantando super de boa, quando um homem - vendendor de balões - enfiou uma peppa no colo da Laura, falando:

- Leva mamãe, depois você paga!

A gente passa por aquele lugar todos os dias e ela nunca se interessou em levar um deles, nunca. Mas, obviamente a criança agarrou o balão e não quis mais soltar, na hora virou e já começou a falar "é meu, é meu" histericamente. Eu super constrangida com a situação que me pegou desprevenida, tentei ser super educada:

- Obrigada moço, mas estamos indo passear, não tenho dinheiro e nem quero comprar isso, além de passarmos por aqui todos os dias e se eu comprar uma vez, nunca mais vou conseguir passar por aqui sossegadamente.
Tentei conversar com a Laura a respeito, mas ela só gritava "é meu, é meu" e agarrava a tal da peppa pig, enquanto o cara resolveu dizer a uma grávida emocional:
- Ela vai ficar doente, leva e amanhã você me paga. Não seja LOUCA.
Insisto mais algumas vezes, tiro a peppa da Laura a força, devolvo ao moço que não quer pegar... solto no chão mesmo, enquanto tento controlar o meu choro compulsivo e o dela ao mesmo tempo.
Carrego ela no colo se debatendo e chorando muito, enquanto eu já não consigo me controlar e choro junto. Enquanto debatemos em retirada , o homem fica gritando sem parar:
- Mulher louca! Sua Louca! Descontrolada! Vai deixar sua filha DOENTE!
Atravesso a rua, ainda ao alcance dos olhares de todas as pessoas ainda em dúvida sobre minha atitude - e do homem dos balões, claro.
Sento ela no chão, olho para ela ainda em lágrimas e peço para ela me ouvir, ela magicamente para de chorar, tira o óculo (embaçado) e olha para mim e pergunta:
- você esta chorando mamãe? esta triste?
Choro mais ainda, agora de emoção e explico:
- desculpe filha, mamãe não pode comprar esse balão e nem acho que você queria ele. O mal do mundo esta em consumir aquilo que não precisa (sim, não sei da aonde eu tirei isso :S), se você quiser um balão desse outro dia, em uma outra ocasião eu compro para você, mas hoje teremos um dia super legal que esse balão não será nada necessário, você quer continuar cantando a música que estavamos cantando antes?
Na hora, como se nada tivesse acontecido, ela me deu um abraço, a mão e continuou:
- O sapo num pé, num lava, num qué....
Eu continuei chorando mais uns 2, 3 quarteirões e não olhei mais para trás, mas não ouvi mais nenhum xingamento.
Não sei se eu que ensino a ela, ou ela que ensina a mim.