sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Objeto de transição

Todo mundo já viu aquela criança que tem "naninha", um cobertor ou algum objeto que não larga de jeito nenhum né?

Laura nunca teve isso ou melhor - nunca tinha tido - faz uns 5 dias que ela me ajudava a arrumar as roupas do neném (e com esse assunto ela nunca teve problema) e viu eu guardando as meias ("pequenas para lalá"), as roupinhas ("são muito pequenas para Lalá"), ganhou um sapatinho de cachorrinho (esse é da Lalá) e viu uma luva adentrando a gaveta do neném, quando ela pediu "emprestado" a tal luva. E ficou certinho na mão dela.

Sem problemas usar aquela tarde, sem problemas usar a noite... mas espera! Ela estava usando para dormir, para ir para escola e só tirando para ir tomar banho! e quase 1 semana se passa e ela não tira a luva, nem com conversa, nem sem conversa e não faz nada sem aquela luva.

De todos os objetos que podem ser de transição ela escolheu justo uma luva. vocês entenderam certo... UMA luva. Pode estar calor, frio, chuva ou sol, ela usa a luva.

Para sair as vezes tem conversa - as vezes - as vezes não.

E assim a gente vai lidando com o fato de que a mocinha se agarrou a um objeto para virar uma mocinha e lidar com o dia a dia e as mudanças que logo logo estarão para ocorrer.


Respeitamos.  E vamos levando, até onde vai dar.




segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Semana de encontros, música, festa e cansaço.

Nosso fim de semana começou cedo, já na quarta feira passou a noite com o papai, enquanto a mãe comia com as amigas em um restaurante na Paulista:



Na quinta, bem feriado, fomos no espaço Com Vida, para mamãe papear e a Lalá brincar:



Sexta, teve aula cedo, logo depois fomos para uma casa de bolo que achamos aqui pertinho - uma delícia - e a noite foi para o espaço Com Vida com a mamãe assistir uma palestra de Parto domiciliar e pintar a barriga da mamãe, enquanto era a vez do papai sair com os amigos:

Casa de bolo:

Espaço Com Vida


Sábado foi ajudar a bisa a se mudar junto com o papai e a noite foi para o forró! (isso mesmo, forró).



No domingo iríamos ver Tiqueque e Jazz no ibirapuera, mas ela não aguentou e dormiu a tarde inteirainha, foi um domingo de muito descanso e de um grande "não fazer nada" que recuperou as energias da família inteira!




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O pai que queremos ser...

Tem coisas que o mundo vê, a gente vê, mas não se explica.

Eu tive a sorte - e tenho - de ter um pai maravilhoso; que brincava, que saía muito de casa e que trago recordações de muito jogo de bola na rua, de balanço, de sair no meio da semana para um passeio no shopping, que  me levava em cabeleireiro e que nos divertíamos juntos. Lembro de ouvir discussões importantes sobre o meu futuro: que escola eu ia estudar, o que eu ia fazer perante tal assunto e o dia que saí de casa, a importância da união entre nós irmãos ( que quase década depois, não foi tão ouvida assim).

Mas era bem separado a tarefa de cada um dos pais: a mãe cozinha, o pai brinca. O pai leva para tomar vacina, a mãe cuida da nossa educação. Mas não era tão patriarcal. Meus pais tinham diálogos na medida da época, filhos e filha não tinham educação diferenciada. Eu nunca fui criada para arrumar a casa por exemplo e tinhamos decisões totalmente autônomas (nós podíamos decidir, na medida do possível,).

Hoje me vejo no papel de uma mãe que tem o mesmo papel do pai e vice versa.

Não sou eu que arrumo a casa, não sou eu que levo a Laura para brincar, não sou eu que bajulo a barriga do bb2, não sou eu que faço comida, não sou eu que levo no parque, nos show, não sou eu. Somos nós.

Nós dois temos o mesmo papel.

Nós arrumamos a casa, nós levamos a Laura para brincar, nós brincamos :P, nós bajulamos barriga, nós fazemos comida, nós, nós, nós.

Nem sempre os dois juntos, nem sempre os dois separados, mas sempre nós com o mesmo papel.

Por causa dos fatores limitante tempo câmera e interesse pessoal, temos mais fotos minhas brincando com a Laura de dia da semana no blog LávemLala porém só mostrando a Laura e mais fotos do pai e da Laura brincando no fim de semana.

Somos ambos crianças, bagunceiros, da arte e da preguiça. Passo mais roupas e ele faz mais comida (interesse pessoal), tiro mais e posto mais fotos e ele é do "viver para nós".

O pai tinha o papel mais divertido antigamente e esse é o pai que queremos ser. Ninguém tem vontade de ser a mãe cozinhadora, arrumadora. Queremos ambos ser protagonistas na vida dos nossos filhos queremos ambos ser os pais. Queremos ser ambos pai e mãe, aí também sem distinção de gênero e identidade.

Porque mexemos com tinta,
 Brincamos no chão,
 Fazemos pose família,
 Brincamos com os brinquedos,
 pintamos nossos rostos,

ajudamos na jardinagem,

Participamos dos momentos não tão bons,


E dos momentos melhores do mundo,


Para ambos não perderem nenhum momento dos nossos filhos; nem os melhores, nem os "não tão bons" assim.

Esse é o pãem que queremos ser.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O homem dos balões

Ontem - um dia péssimo até então - busquei a Laura na escola e estávamos voltando cantando super de boa, quando um homem - vendendor de balões - enfiou uma peppa no colo da Laura, falando:

- Leva mamãe, depois você paga!

A gente passa por aquele lugar todos os dias e ela nunca se interessou em levar um deles, nunca. Mas, obviamente a criança agarrou o balão e não quis mais soltar, na hora virou e já começou a falar "é meu, é meu" histericamente. Eu super constrangida com a situação que me pegou desprevenida, tentei ser super educada:

- Obrigada moço, mas estamos indo passear, não tenho dinheiro e nem quero comprar isso, além de passarmos por aqui todos os dias e se eu comprar uma vez, nunca mais vou conseguir passar por aqui sossegadamente.
Tentei conversar com a Laura a respeito, mas ela só gritava "é meu, é meu" e agarrava a tal da peppa pig, enquanto o cara resolveu dizer a uma grávida emocional:
- Ela vai ficar doente, leva e amanhã você me paga. Não seja LOUCA.
Insisto mais algumas vezes, tiro a peppa da Laura a força, devolvo ao moço que não quer pegar... solto no chão mesmo, enquanto tento controlar o meu choro compulsivo e o dela ao mesmo tempo.
Carrego ela no colo se debatendo e chorando muito, enquanto eu já não consigo me controlar e choro junto. Enquanto debatemos em retirada , o homem fica gritando sem parar:
- Mulher louca! Sua Louca! Descontrolada! Vai deixar sua filha DOENTE!
Atravesso a rua, ainda ao alcance dos olhares de todas as pessoas ainda em dúvida sobre minha atitude - e do homem dos balões, claro.
Sento ela no chão, olho para ela ainda em lágrimas e peço para ela me ouvir, ela magicamente para de chorar, tira o óculo (embaçado) e olha para mim e pergunta:
- você esta chorando mamãe? esta triste?
Choro mais ainda, agora de emoção e explico:
- desculpe filha, mamãe não pode comprar esse balão e nem acho que você queria ele. O mal do mundo esta em consumir aquilo que não precisa (sim, não sei da aonde eu tirei isso :S), se você quiser um balão desse outro dia, em uma outra ocasião eu compro para você, mas hoje teremos um dia super legal que esse balão não será nada necessário, você quer continuar cantando a música que estavamos cantando antes?
Na hora, como se nada tivesse acontecido, ela me deu um abraço, a mão e continuou:
- O sapo num pé, num lava, num qué....
Eu continuei chorando mais uns 2, 3 quarteirões e não olhei mais para trás, mas não ouvi mais nenhum xingamento.
Não sei se eu que ensino a ela, ou ela que ensina a mim.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Reflexão sobre diferenças, amor e sonhos, em bolinhas.

Como disse algumas vezes, essa gravidez é totalmente nova e diferente da anterior.
Enquanto na primeira o meu amor a criança era suficiente e maior do que o mundo - e eu tinha que brigar com o mundo.
Nessa segunda o mundo erradia amor para que eu absorva e seja suficiente para a criança - e muitas vezes eu tenho que brigar comigo mesma. 

Os últimos 3 anos sonhei em parir em casa, como um sonho irreal, louco e incompreensível. Em meus delírios me via escondendo até dos meus pais essa vontade e parindo escondida em casa como um crime. 
Me veio a gravidez - de surpresa - e me baqueou com a possibilidade real de parir em casa, mas não como uma louca e criminosa, mas com amor. 

Eu sei o quanto meu ativismo ao parto natural sem intervenções veio se modificando com o tempo, a princípio tímido como uma criança, logo depois agressivo, cheio de mil razões e convencimentos como um adolescente e jovem adulto e agora apenas me dei conta, que o meu ativismo ao parto natural, é exatamente isso, meu. 

A tal frase falada a mil cantos sobre o ativismo  "essa porta só se abre do lado de dentro" é real, mas ao amor não, o amor vem de fora, é multiplicado quando dividido e pode vim de todos os cantos - e realmente vem. 

E o que falo de amor, não é o amor de duas pessoas, é o amor um com os outros, que tem tantos outros nomes: empatia, amizades, reconhecimento, laços e até respeito. 

Essa é uma reflexão muito profunda para mim ultimamente, até porque para mim "amar" é um sentimento que mais recebo (muito mais) do que dou. Ainda me vejo "não gostando" de alguém, desejando mal a outras pessoas - e que difícil admitir isso! -  e na verdade o texto que faço agora veio minutos após eu ter tentado afastar um pensamento de "putz, como não gosto desse cara" e pensei, "vai lá, escreva sobre o amor, ele vai te ajudar muito mais do que esse pensamento negativo". Até porque reparei que o "não amar" também é bem multiplicado quando dividido e que temos que ter força - muita -  para não fazer esse espalhamento. 

E aí entra também as diferenças, porque somos diferentes, um para cada qual. Um gosto de tal partido, o outro gosta de aparecer, o outro de falar, o outro de ficar na dele, o outro ainda de fazer fofoca. E temos diferentes sonhos e objetivos: um de fazer doutorado, o outro de estrear uma grande peça, o outro de entrar em medicina e o outro ainda de ser milionário. Uns sonhos são esquisitos, como o  de ter a maior unha do mundo, outros mais normais: de se formar na faculdade, outros que nem todo mundo concordam: de fazer plástica e nós, nós? nós sonhamos em parir em casa. 

Não é o último sonho que teremos e nem por isso é um "menor" sonho, muito pelo contrário, no momento ele parece ser o mais importante de todos do mundo inteiro! 

E apesar de meio tímido no início dessa gestação - eu mesmo nem coloquei em "pauta" essa possibilidade, porque achei que seria impossível - meu marido como  expectador de primeira classe de realizações de sonhos já veio falando que "essa" era a hora de realizar aquilo que falávamos e conversávamos esses anos todos. Afinal, não sabemos se teremos outra oportunidade. E depois de muita procura, encontramos alguém que se encaixasse, só faltaria o menos importante ( o menos?! ) o dinheiro. 

Eu sou uma pessoa - era - bem orgulhosa - mas também nunca tive medo de ser sincera, mas caí em ciladas. No meu casamento falaram que era feio fazer lista de presentes, não fiz, me arrependi. Na gravidez falaram que era bom fazer chá de bebê "daquele jeito", eu fiz e me arrependi. A partir daí parei de seguir conselhos, mas sempre ouvi alguém dizer " é feio fazer isso, é feio fazer aquilo" e blablabla... Naquela época estávamos ainda tentando ser sozinhos, a Laura nasceu e de repente pessoas começaram a se aglomerar na gente, pessoas delícias, pessoas que deram todo seu apoio para a gente levantar (e levantamos!) e  logo após minha fase FERA, minha fase de angústias e decepções com o mundo. A partir daí, nunca mais o nós agregou só 3 pessoas, mas agregam muito, mas muito mais gente. Nosso aglomerado só vai crescendo e crescendo, diferente cada bolinha uma da outra e sem uma bolinha se meter na vida da outra, apenas cada bolinha ajudando a outra bolinha a conquistar os seus sonhos e a ser feliz e posso dizer que sempre tem uma bolinha entrando para o time. 

E não, essas bolinhas não lutam pelos mesmos ideais do que eu, não, elas nem sempre concordam com o que eu faço e nem sempre acham que aquilo que chamo de sonho, seja um. As vezes, uma bolinha ou outra acha até loucura, tem até algumas bolinhas que nem sabem do que se tratam, apenas "ouviram" que eu precisava de ajuda para um sonho. Um sonho ponto. 

Ninguém é louco de discutir um sonho (tá, algumas pessoas são, mas ainda não me deparei com elas), e não é alguém que luta a mesma luta que você é que esta ao seu lado, mas aquele que incentiva você a continuar lutando pelo que acredita que esta (e claro, vice versa), e incentiva você a lutar e chegar a realização. Isso é um tipo de amor, isso é amar. E no momento estou vendo muitas bolinhas me levantando para cima e chegando cada vez e cada vez mais perto do meu sonho. Bolinhas lindas, tímidas, falantes, ativistas ou contras, mas todas bolinhas do bem e bolinhas que amam e que sabem amar. 


E que as agregações de bolinhas sempre aumentem, até sermos uma bolona só! <3 Porque o mundo precisa disso mesmo: diferenças, amor, sonhos e aglomerações =)