segunda-feira, 26 de maio de 2014

O grito da criança é o grito da mãe! O meu grito!


Saiu a lei da "palmada" e deu muito bafafa (um texto ótimo aqui) , eu vejo muito essa forma agressiva encarada como natural de possuir o corpo da criança para sí. Não precisamos ir longe e pensar nas agressões - como são vistas.
Mas basta um adulto pegar a criança no colo sem ela querer - sem necessidade - e fazer cara feia porque ela reclamou (afinal, ela não quer... mas eu quero e eu sou maior e mais forte), ou obriga-la a fazer um gesto que a sociedade encara educado, mas ela mesmo ainda não tem noção em seu SER do porque daquele gesto (fala "por favor" se não eu não faço é o meu campeão - porque não faz o mínimo sentido no ponto de vista da pequena criança e rolar uma frustração com isso (choro e talz) é mais do que previsível).

Crianças robôs - brasileiras - é o que mais existe por aí, sem opinião, sem vontades, sem curiosidades. A gente tenta tanto molda-las que esquece que são pessoas.

Penso na Laura o quanto seu "bico" é valorizado em casa (choro de crocodilo? AFF), ela conta o porque ficou chateada, o porque esta triste com algo e ela é recíproca, se eu estou triste - e quase nunca é com ela - ela vem me dá um abraço e pergunta o que houve - e sim! Eu conto, se é com a faculdade (normalmente...), com o dia ruim e etc etc... E faço bico também - ou cara feia - é natural ficarmos tristes sem chorar, sem derramar lágrimas (porque essa necessidade de que a criança também derrube lágrimas em sua tristeza, me diz?).
 Aliás, quando o diálogo é existente, fica cada vez mais inútil chorar.

Os gritos: outro dia elogiaram a voz da minha filha (obrigada!) e logo falaram que "porque você não ouviu os gritos", engraçado que os gritos só são ditos, quando falar e argumentar já não é possível - ou mesmo quando não é compreendido (acontece muito na fase do terrible two), em casa tem gritos na hora de brincar de gritos, se não...Não tem. (e sim, existe qualidade de vida pós terrible two - aqui adorando a fase meiga, carinhosa e comunicativa - mesmo achando que nunca ia chegar). Em alguns lugares (barulhentos ou com muitas pessoas) os gritos voltam pois não se ouve, a irritação volta porque não se dá atenção - e não, não dá para dar atenção 100% na rua, então acontece. E claro, os gritos voltam porque querem possuir um corpo que não quer ser possuído (E sim, coloco sem aspas).

Aliás, não acho que a criança deve ter as mesmas obrigações em casa do que na rua.
Até porque em casa ela tem rotina e na rua - ou outras casas - não. Em casa ela brinca com algo e arruma imediatamente depois da arrumação (a minha influência montessori), colocando no lugar já pré- determinado, que ela já sabe qual é, não sei se na escola ela faz o mesmo, sei que em outras casas não. Até porque existem mil outras coisas para se distrair e se fazer (e que ela não decora o lugar certo das coisas em outros lugares) - e na real, uma das coisas que mais me tira do sério é alguém tentar tirar partido disso - ou de qualquer outra coisa - para "educa-la" (viu?? essa esta com aspas) - quando faz disso uma brincadeira, legal. Quando passa ao sério que é o problema - ou eu arrumo e olho para o teto (se este for o problema) ou eu converso com ela depois que não é responsabilidade dela, é minha. E óbvio, essa "educação" só satisfaz o ego de quem esta lá falando "blah, blah, blah", porque a influência é mísera, (logo que nossa sorte - ainda nessa idade - as crianças terem exemplos os pais e as repetições do dia-a-dia), mas estou ainda sendo treinada (já em nível avançado) para viver em sociedade, como mãe.

Até porque, tenho as minhas falhas (e cara, são muitas) como me irritar com qualquer coisa no final da noite (cansada e/ou com fome), me fazer de surda - para a minha filha -  quando estou aprestando atenção em alguma conversa, ter uma "casca fraca" onde quase tudo me atinge (esta endurecendo), fazer cara de cú óbvia quando este algo me atinge e ser proibida de falar (por alguma convenção social) enfim... achei bom esclarecer algumas falhas, porque há pouco fui chamada de "mãenzona" (não sei se foi pejorativo, mas não gostei) porque não conheço as irritações da maternidade (ah! Se conheço) e odeio as classificações maternas - os tais mãenzimetros.


Longe de estar certa em qualquer destas falas (ou outras), ainda assim, coloco para fora o que eu acho que esta correto. o mundo que idealizo e que luto.

PS: Não negaria algumas noites e dias sem filho, muito menos negaria várias noites e dias com vários filhos. Opostos? #achoquenão