segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Irmãs - primeiros dias

E eis que Laura tinha medo de bebês (sim, de bebês), e eis que ela fazia drama em todos os encontros com bebês, mas sempre... sempre foi extremamente carinhosa com a barriga e eu sempre fui extremamente verdadeira com ela sobre o que aquela barriga se tornaria. Mesmo assim, eu tinha me preparado para diversos cenários possíveis (desde fraldas novamente a escândalos quando eu pegasse o bebê), mas me surpreendi com o melhor cenário possível dessa "irmandade".

Ela fez "êêê!!" quando disse que ia ganhar uma irmã (e ela só tinha 2 anos e 3 meses), fez carinho a gravidez inteira, entendeu o que era da irmã e o que não era desde então. Foi a primeira a saber do Trabalho de parto e ficou toda animada e agitada, quis conhecer logo a irmã e nestes 12 dias, ela tem sido participativa em tudo!

E como fotos falam por mil palavras, dedico aqui algumas fotos das irmãs das primeiras horas a hoje.
Um presente que ganhei, duas filhas que se deram bem logo no primeiro momento e uma filha mais velha que ajuda SEMPRE (de vigiar, trocar fralda, limpar umbigo, ficar com ela enquanto brinca etc, etc) e inclusive canta para acalmar a irmã.

Hoje (12 dia)

4 Horas de vida da Heloísa

Em seu primeiro banho.

Hora de dormir.
 Ajudando a prender o cinto. 

Dividindo o tetê.

Cuidando da irmã enquanto desenha. (mamãe foi pegar roupa)

E esperamos que continue assim! =)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Relato de parto Heloísa

Acordei ao som de carpinagem na rua, o silêncio da casa também incomodava.
Levanto para ir ao banheiro, dormi bem aquela noite, como não fazia muito tempo.
Ouço 9 badaladas da igreja, me assusto - minha mãe que acorda super cedo, ainda não tinha acordado.
Vou para a cozinha fazer pão e tomar um yakult, minha mãe chega e conversamo alguns minutos antes da Laura acordar e me chamar.
Vou até ela, dou de mamar, saímos da cama, levo ela para fazer xixi, chego na sala e...

Aííííííí! uma contração a princípio de treinamento me pega desprevinida pela sua intensidade.
Desacreditando, continuo a viver...não por muito tempo, logo vem outro e mais um pouco outra em um intervalo super desregulado, mas já bem fortes.

Aviso primeiro a Laura - neném vem hoje!
O que faz com que ela se alegre toda e queira encher a piscina de qualquer jeito.
Minha mãe ouve e começa a fazer as coisas pela casa (varrer e limpar, rs).

Mando mensagem para o vinicius dizendo que "pode ser" que seja a hora, para ele esperar mais alguns minutos. Mando mensagem para as parteiras e mais uma para a doula.
E aí começo a ligar para cada um dizendo "pode ser que sim, venham, mas se não for, me desculpem".

Mariane é a primeira a chegar, ela era minha parteira back-up que se encaixou bonito entre a gente. Conversamos um pouco, ela escultou o coração e tudo ok. Inicia-se o trabalho de parto irregular umas 10 horas da manhã.

Marido é o segundo a chegar, enche a banheira, coloca água e vai finalizando as partes práticas, enquanto ainda suporto com bastante linear a dor que me vem desregulada. Tento durante todo o TP terminar o pão que fiz no café da manhã naquela manhã sem qualquer intenção.

Minha mãe sobe na rua e na volta chega Bianca - minha parteira.

Laura esta muito agitada, não para de falar, correr, esta realmente feliz, mas acaba se tornando uma enfermeira de hospital ("mãe saí do banho") então - como acho que vai demorar horas a fio - peço para minha mãe leva-la para tomar um sorvete (e se acalmar um pouco, rs), logo depois - para mim - chega minha doulaamiga Aline e o Demis, que ia ser meu fotógrafo no dia.

Eles ajudam na dinâmica da casa, pegam roupas para o bebê, material para o parto e etc. (acho que foi isso, não reparei bem, rs), Laura chega logo depois e fica em êxtase, entra na piscina, no chuveiro, brinca com a bola, canta sem parar músicas de roda, inventadas e mais outras e outras.

Durante as contrações as vezes ela me abraça, passa a mão na barriga, fala  "vai passar, vai passar" ou "calma, calma". No momento já me abraçava com o vini, por vezes conversávamos sobre quando nos conhecemos ou quando viemos ver aquela casa pela primeira vez, eu entrando e dizendo:

   - nossa vini! essa sala é perfeita para parir em casa!

Ele cantava no meu ouvido algumas músicas em italiano. dançávamos por vezes. E muitas dessas danças eram conduzidas pela voz da minha filha atras. Foi muito gostoso.
Aline por vezes vinha e apertava minhas costas e me dava suporte durante as contrações. Foi realmente uma equipe incrível.



Era engraçado, porque entre as contrações eu jurava que não poderia estar em trabalho de parto, conversava sobre qualquer coisa, tentava comer um pão, ficava muito bem mesmo. Aí vinha uma contração, eu mordia uma toalha e o ciclo recomeçava: "ótima, com contração, ótima de novo".


Também foi tudo ao contrário do que eu "planejava" ou "queria", no planejamento eu pedia silêncio, na hora eu queria farra mesmo, que o povo conversasse, a panela de pressão funcionando, música e "festa" rs. Quando fez silêncio eu mandei todo mundo conversar, o silêncio realmente me incomodava. O dia tava lindo e eu dizia "é hoje! você acredita?"pois eu não acreditava - e posso dizer que mesmo muitas horas depois de nascer eu ainda não acreditava.


As 14:30 eu quis ir para o banheiro, tentar fazer um cocô ou descansar, sei lá. Sentei na privada com o vini e nada. Nada. só as contrações.
Bianca veio escultar o coração e ela estava entrando no canal, por vezes me toquei para sentir a cabeça e realmente ela estava lá, descendo. (mole, mole, como eu não imaginava).

---------------Pausa --------------

Uma coisa que foi bem diferente nesse parto de qualquer sensação que vivi foi o Quanto intensamente senti o meu corpo e o da neném. Senti cada transformação, os quadris afastando, ela descendo, a cabeça entrando no canal de parto. Foi incrível ter uma sensibildiade tão grande de nós mesmos.

-------------Voltando -------------

Então Ela falou que já estava acabando, na verdade eu pensei "já?????" e logo depois um "dúvido, essa porra acabou de começar".

Entrei no chuveiro para tentar aliviar as contrações, aliviou e entrei na fase do desespero. Mas não sei se entrei descaradamente - porque sabia que ela antecedia o expulsivo - ou entrei porque era para entrar. Dei uns urros de dor, de raiva, mas logo desisti de brigar contra e fiquei pacientemente esperando cada uma das contrações virem e eu pensava (como pediu a Aline), menos uma. Menos uma. é só uma onda - e logo depois "onda o caralho". rs. Mas resolvi parar de lutar e pouco depois, inaugurando minha fase do expulsivo, 15:05 estoura minha bolsa - quase acerto a Aline com o tiro, rs - e as faço força em todas as contrações (ainda irregulares) que me vêem, nem sei dizer se essas forças são voluntárias, mas lembro da minha barriga claramente empurrando a minha filha para baixo e eu sentindo ela descer e descer (sentir mesmo!), foram 13 minutos até nascer a cabeça da Lolô e mais 1 minuto todo o corpinho, embaixo do chuveiro, as 15:18. Mas eu me lembro como se fosse câmera lenta, a cabeça dela saindo, a sensação - não tão desagradável- do "círculo de fogo" e a orelha dela inteirinha para fora por umas mil horas, nesse momento eu peço:  "cadê a outra contração caralho?", pelo que falam foi segundos entre uma e outra, como estava em uma posição tipo "aracnídeo" rs, ela foi amparada no chão pela Bianca (só para caso tivesse cordão no pescoço ou algo mais complicado), mas assim que terminou de nascer eu peguei ela para mim.
Que sensação incrível pegar sua filha no colo assim que nasce, que sensação incrível ser a primeira a pegar no colo, que incrível ter colocado uma filha ao mundo, "facil", sem intervenção nenhuma, sem ninguém falando o que eu tinha que fazer, sentindo tudo, cada pedacinho. Como foi incrível e estava sendo incrível!

E só agora, só depois que a Helô nasce (e ela nasce super "limpinha") que escorre a primeira gota de sangue de todo o trabalho de parto.

Aí iniciei a choradeira - choradeira mesmo. Pego minha filha e falo: "é uma menina!" antes mesmo de olhar, aí lembro que preciso olhar, rs, tiro o cordão do meio das pernas e repito: "É uma menina!", abraço ela, olho para o céu, agradeço a Deus, peço desculpas a ela, digo o quanto ela é linda, abraço abraço abraço, choro e choro e choro.



Ela nasce roxona - como todos os bebês do mundo - e sem chorar, só vendo o mundo um pouco, para logo depois voltar a dormir, enquanto o cordão pulsa e a enche de cor. Ninguém toca nela, nem faz exames, nem pega e nem manipula. Ela acabou de nascer, ela é só minha e eu sou só dela.
Ficamos lá, eu e ela (E rodeada da equipe, rs) nos conhecendo, esperando a placenta nascer. Mas ela não tá afim de nascer tão cedo, rs... dou um pouco para o vini segurar no chuveiro e  então vamos para o sofá (eu andando com a Lolô no colo) ainda coladas uma na outra pelo cordão umbilical, que já parou de pulsar faz um tempo.


Nessa hora Laura estava dormindo(!!), ela acordou chatinha e chorando, mas ao se "recuperar" do sono conheceu a Lolô e ficou falando "ownnn nenémzinho" e passando a mão na cabeça, e também não curtiu nada nada o cordão umbilical, rs...mas esperei ainda um bom tempo (mais de hora) para então cortar o cordão - logo que a placenta ainda não tinha descolado - minha mãe que cortou <3 e então ela foi para o colo do vini, enquanto eu ia ao banheiro tentar parir a placenta, rs, que nasceu duas horas e pouco depois.


No colo do vini enquanto eu "paria" uma placenta, rs -( e me diz se ele não é o homem mais lindo do mundo?)



Depois, quase vida normal, começaram algumas cólicas, uma dor na perna, fiquei deitada um tempão lá peladona no sofá de boa com a Lolô, Laura brincava pela casa - ainda super agitada - e só depois de um mega tempo que eu me dou conta que esta cheio de gente em casa e que preciso ao menos colocar uma blusa, rs.

Laura pede para pegar a Helô umas 18:30 (chutando) e a gente até tira algumas fotos, rs. Morri de amor e de felicidade por ela ter pedido.

Heloísa só foi ser examinada (pesos e medidas) depois de das 19 horas, de um jeitinho super carinhoso. Pesando então 3,200 kg e não medindo (não é necessário).

Eu fui examinada logo depois, constatando zero lacerações. Períneo integro. Felicidade a vista! rs.

Parto perfeito. A única preocupação foi segundos quando a placenta "nasceu" e o útero não contraiu (pelo que eu saiba, foi só isso).

Terminei o dia em extase, ocitocinada, felicíssima e indo dormir na minha cama, com meu marido e meus filhos. Comendo na minha mesa e no meu prato. Nem saí de casa aquele dia. Foi mágico e esta sendo mágico.

E essa foi a minha equipe.

Demis, meu fotógrafo que eu nem vi (e isso é ótimo, rs), Aline, minha doulaamiga amada, Laura, minha filha doulinha, eu (protagonista no início da novela), Helô (protagonista no fim da novela, rs), El Maridón, Vinícius, minhas obstetrizes lindas Bianca e Mariane e Mamma Mia que ficou nos bastidores dando conta de tudo.


Thank´s por terem participado da melhor experiência da minha vida. E espero que todas as mulheres que QUEIRAM possam participar de uma experiência como essa.

Eu fiz mais dois relatos que vou soltar aos poucos, da minha gravidez (e tudo que fiz para estar aqui, que não é "simplesmente ir e parir em casa" como muita gente acha, sem "recursos", sem acompanhamento e muito planejamento) e outro comparando o meu primeiro parto com o segundo (hospitalar X domiciliar) e as diferenças gritantes entre eles.